terça-feira, 6 de março de 2012

Os feriados que não acabam

O Governo acha que tem de haver uma "simetria" entre os feriados religiosos e os civis- por isso, admite adiar para 2013 o fim do 5 de outubro e do 1 de dezembro.
O que uma coisa tem a ver com a outra?
Portugal está num estado de emergência tão grave que o Governo foi obrigado a cortar os subsidios de Natal e de férias, a aumentar os impostos, a acabar com a tolerância de Carnaval e a tomar muitas outras medidas violentas para a economia e para os trabalhadores. Mas, agora, confrontado com o atraso na negociação do fim dos feriados religiosos com o Vaticano, o executivo já admite adiar para 2013 o corte não só desses, mas também dos feriados civis. A justificação, dada ao  Expresso por uma fonte governamental, é estranha: "é necessária a simetria no corte dos feriados entre as datas civis e religiosas."
Não se entende este fascinio pela "simetria".
O que é que o Corpo de Deus tem a ver com a Implantação da Republica?
E o que é que a Assunção de Maria tem a ver coma Resteuração da Indepêndencia?
Nada, pelo contrário:os primeiros dependem da aprovação da Santa Sé. Enquanto, os segundos dependem apenas da caneta do primeiro- ministro.
Aliás, os dois assuntos nunca deveriam ter sido ligados. O que está em causa não é um comércio entre o Estado e a Igreja, em que se fazem cedências e favores. Se o País precisa deseperadamente de trabalhar mais dois dias, e de facto, precisa. Então o Governo deve acabar com os feriados civis independentemente da posição do Vaticano. Que se saiba, o que está em causa é a economia, não é a Concordata.
"Sábado  nº409 de 1 a 7 de março 2012"

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